O início de 2013 começou tímido
quanto ao consumo dos bens não duráveis - alimentos, bebidas, limpeza do lar e
higiene pessoal. Contudo, ao fechar o primeiro semestre, os resultados marcam a
retomada do crescimento em volume de produtos adquiridos pelos brasileiros. De
qualquer forma, as classes mais baixas - mais sensíveis ao aumento de preços -
continuam com o pé no freio e esse crescimento em quantidade foi alavancado
principalmente pelas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além dos estados
de Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro. As demais regiões
do país tendem para a estabilidade, conforme aponta a Kantar Worldpanel.
Apesar do retorno do crescimento
em unidades no primeiro semestre de 2013 ainda ser sutil, representando um
acréscimo de 2% ao registrado no mesmo período do ano anterior, já é o maior
índice desde o final de 2011. No ano passado, a movimentação do consumo
registrou queda ou percentuais próximos à estabilidade. “Observamos que, em
2011, as compras das classes D e E foram as responsáveis por manter essa
estabilidade e impedir uma queda brusca no consumo. Contudo, essa situação se
inverteu no primeiro semestre deste ano. Esse recuo das classes mais baixas,
principalmente devido ao aumento de preços, foi o que impediu um retorno mais
acentuado do crescimento do volume de bens não duráveis adquiridos”, explica
Christine Pereira, Diretora Comercial da Kantar Worldpanel no Brasil.
Diferentes comportamentos em
diferentes regiões
O estudo da Kantar Worldpanel identifica que no primeiro semestre de 2013, quem alavancou o crescimento do consumo foram algumas regiões específicas do país. São as regiões Norte e Nordeste, que juntas cresceram 5% em volume, a região Centro-Oeste, com aumento de 3%, e a área que une os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro que apresentou o maior índice registrado, elevando o consumo em 7%. Todas as demais regiões registraram estabilidade no volume de bens não duráveis adquiridos.
Quando analisadas as visitas ao ponto de venda em cada uma das regiões, o destaque fica com o interior do estado de São Paulo. Esta foi a única região do Brasil que registrou crescimento em número de ocasiões de compra nesse período, elevando em duas vezes sua ida ao varejo. O restante do país reduziu suas visitas ao ponto de venda no primeiro semestre do ano
Sofisticação do consumo
A tendência de buscar meios de manter suas conquistas e de adquirir produtos mais sofisticados no carrinho de compras se confirma também na primeira metade de 2013. No ano passado, o destaque foi a entrada das categorias não básicas na cesta das classes mais baixas e seu crescimento frente à estabilidade ou queda dos produtos básicos. Agora, o destaque é a classe C, que retoma o crescimento principalmente entre os produtos com benefícios adicionais agregados.
Conforme explica a diretora
Comercial, o consumidor não abre mão de suas conquistas. “Ao incluir um produto
mais sofisticado em seu carrinho de compras, algo considerado mais
aspiracional, o consumidor não quer mais deixar de tê-lo em sua despensa. Para
que esse produto continue cabendo no orçamento familiar, a alternativa é ir
menos vezes às compras e até reduzir em volume as categorias mais básicas, como
é o caso das Classes D e E.”, pontua.
Hipermercados recuperam consumidores
Hipermercados recuperam consumidores
Em 2012, os hipermercados sentiram muito a desaceleração do consumo de bens não duráveis e tiveram uma queda de 15% do valor desembolsado pelos consumidores na aquisição de produtos para abastecimento do lar. Nesse mesmo período, o destaque ficou com o crescimento dos atacados, que receberam 26% mais em valor gasto. Já no início de 2013 o atacado continua a crescer, embora os hipermercados tenham apresentado recuperação e já registram um crescimento em valor de cerca de 13%, em volume + 23% e em penetração de 4 pontos percentuais. O maior ticket médio ainda é no atacado, que atinge o valor de R$ 62,33 por compra.
Otimismo com a situação do país apresenta queda brusca
Há alguns anos os índices para as duas frentes (pessoal e Brasil) registravam índices altíssimos de otimismo. Em 2012, 83% acreditavam que sua situação pessoal tinha perspectivas melhores e 78% confiavam que o Brasil teria um cenário mais favorável.
Em 2013, um fenômeno refletido direto pelas manifestações populares que o Brasil acompanhou, onde a população fazia uma série de reivindicações, marcou uma queda brutal em como o brasileiro vê sua nação. Apenas 39% têm esperança de um melhor momento, o que corresponde a um declínio de 39 pontos percentuais. No entanto, apesar de uma movimentação descendente muito tímida, o otimismo com a situação pessoal continua em alta, sendo a realidade de 77% da população. Essas satisfação e esperança atreladas ao bom desempenho do orçamento familiar colaboram com o crescimento do consumo, mesmo com a confiança em queda.
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